16.6.17

Serões de televisão

À terça-feira temos talvez o mais equilibrado programa de debate: O Outro Lado. Mas dizer, como a respectiva promoção, que se trata de um programa com uma nova geração... que não se deixou "triturar" pelas máquinas partidárias", já é entrar numa linguagem fascizante! Para Salazar, por exemplo, o verdadeiro parlamento era o Governo; para João Adelino Faria, o verdadeiro parlamento é o seu programa de televisão.


À quinta feira temos oportunidade de revisitar o velho arco da governação num programa da SIC-notícias em que participam, invariavelmente, comentadores vindos do PS, do PSD e do CDS, “malgré” alguns paradoxos desta representação como é próprio de um programa que se chama “Quadratura do Círculo”. Desde que o inimigo principal seja o grande ausente, o pensamento socialista propriamente dito, eles pagam o mal que lhes sabe Pacheco Pereira pelo bem que lhes faz o seu prestígio e popularidade.


Também às quintas-feiras, às 22h30 na TVI24, nos é dado conviver (passivamente) com três figuras da política partidária mas, desta vez, o leque abrange a extrema esquerda e não a extrema direita – passe a extrema expressão. É a “Prova dos Nove”.

Também aqui, por coincidência, a figura com maior destaque pertence ao PSD – Paulo Rangel. Mas ao contrário de Pacheco Pereira, Rangel é um radical apoiante das políticas da direita – o que torna dispensável um representante do CDS.


À sexta-feira somos transportados pelo “Expresso da Meia Noite”, título que remete para uma história de pesadelo, no cinema, mas cujo significado enquanto programa de televisão invoca propriamente o patrocinador Jornal Expresso e a hora a que o programa é transmitido.

É claro que reflecte “o sistema dominante” – disso se encarrega o omnisciente Ricardo Costa. Mas traduz-se geralmente por um serão saudável quando é apresentado por esse tal Ricardo e o Nicolau Santos.


Ainda à sexta-feira, faz-se crochet em “O Último Apaga a Luz” da RTP3. Destaca-se o moderador, pela inteligência e bom-humor, apesar da modéstia, nas suas curtas intervenções. Raquel Varela desempenha o papel da arrogante intelectual de esquerda, uma espécie de Daniel Oliveira deste sítio, e o Rodrigo Não-Sei-Quê faz de conta que é um intelectual de direita.


Nas noites de sábado estamos com o governo, digo o “Governo Sombra”. É uma transmissão directa da TVI24.

Dizer que é irónico é já dizer que é inteligente. Geralmente! Quem tiver paciência para suportar o João Miguel Tavares, ganha com o que às vezes se aprende de Pedro Mexia (descontem-lhe algum reaccionarismo) e sobretudo com o que a gente se diverte (sem histeria) “à custa” do Ricardo Araújo Pereira.


Também ao sábado, há um serão alternativo para mazoquistas. É o
“Eixo do Mal” na SIC Notícias. É sobretudo o eixo da má-língua. Melhor dizendo: das más línguas. Um exibicionismo pessoal repugnante, uma arrogância intelectual insuportável, que cobrem de poeira os mais acertados argumentos que possam defender. 

No meio daquele galinheiro, quem menos agita a crista é Luis Pedro Nunes, o único que diz menos do que tem para dizer mas que se diverte mais genuinamente.




1 comentário:

antónio m p disse...

Noutra oportunidade, espero fazer referência a debates especializados em temas económicos - o jornalista José Gomes Ferreira que se prepare, hehe.