31.8.15

Síria aproxima o Ocidente
ao Estado Islâmico

A Síria confronta o terrorismo, ao contrário do resto do mundo – afirmava Zou’bi na 8ª sessão da Assembleia geral das Rádios-Televisões islâmicas.

Por outras palavras: se os estados da NATO estão apostados em destruir a Síria, para quê combater de facto o “Estado Islâmico”?!

Quando os meios de informação “ocidentais” falam da Síria, a deontologia profissional esconde-se, envergonhada, e o jornalista debita ao chefe, ao patrão, ao ideólogo, uns pontos de serviço sujo. O mesmo se falássemos da Ucrânia ou da Venezuela, por exemplo, como já tratei em artigo anterior.

Confiança na fonte? Se o texto agrada ideologicamente, é de confiança! Por exemplo: «82 mortos nos ataques do regime, a oposição denuncia “um massacre”».

Alguém perguntava: «Qual oposição? A OSDH? E quando há raides das forças da coligação contra Daesh, estes meios falam de vítimas colaterais».

Que importa se os bombardeamentos permitem às forças armadas sírias avançar numa zona que tinha sido capturada pelos grupos armados que nós sabemos? Que importa se essa acção abre caminho para o regresso das populações daquelas zonas?

Os meios de informação dominantes da Europa estarão contra o governo sírio mesmo que este possa, com apoio euro-americano, acabar com o flagelo da região, que agora se estende para a própria Europa, seja através da pressão migratória ou seja até pelo terrorismo. Um discurso de condolências e um funeral majestoso tranquilizam os mentores políticos da nossa santa-aliança.


E é aqui que se coloca a questão fundamental que os aliados da NATO tardam em reconhecer e proceder: confrontar a origem desta gravíssima situação.

Até lá, vamos assistindo ao desespero e à chacina diária das populações em fuga, e à disseminação da "ideologia" e do terrorismo entre nós. Para já, vamo-nos habituando a ver morrer. Será que algum dia nos teremos que habituar a morrer, como na Síria?

RECORTES
O grupo 'jihadista' Estado Islâmico executou no período de um mês perto de 100 pessoas, um terço dos quais civis, nas zonas que estão sob o seu controlo na Síria, indicou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). (2015/Ago)
O auto-proclamado estado islâmico divulgou um novo vídeo de uma execução em massa na cidade história de Palmira. As imagens mostram dezenas de soldados sírios a serem executados no principal anfiteatro da cidade, com muita gente a assistir. O vídeo mostra também a destruição de dezenas de monumentos que são Património da Humanidade. 
(RTP 4 de Julho de 2015)

3 comentários:

antónio m p disse...

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) é uma organização, baseada em Londres, que se opõe ao governo de Bashar al-Assad na Síria. O grupo é liderado por Rami Abdulrahman.
Este confirmou, em entrevista ao New York Times, que o grupo é parcialmente financiado pela União Europeia e por outros países e organizações ocidentais.
(Wikipédia)

antónio m p disse...

Três dias depois de ter publicado este artigo sobre as responsabilidades ocidentais no que se passa com migração de refugiados, leio isto de um refugiado: «Parem simplesmente com a guerra, nós não queremos ir para a Europa. Parem a guerra na Síria, apenas isso».

antónio m p disse...

Parece que não se aprendeu nada com as execuções de Osama bin Laden, Sadam Hussein, ou Muammar al-Gaddafi.